terça-feira, 28 de outubro de 2014

FERIDAS DO CORPO E DA ALMA

Como compreender a tristeza profunda e angústia de uma mãe que investiu amor e esperança no filho, e o perdeu abrupta e violentamente para a morte, pois ele não conseguiu enxergar além da escuridão que descoloria sua vida? Como superar tanto sofrimento vivenciado por ambos? Viktor Frankl, psiquiatra, nos ensina que quando não somos capazes de mudar certa situação definitiva em nossas vidas, somos desafiados a mudar nós mesmos... por amor.
É preciso transformar os sentimentos, enfrentando a dificuldade de coração desarmado sem buscar culpados ou vítimas, interpretando motivos, reavaliando escolhas e projetos, perdoando o que precisa ser perdoado, para então provocar mudanças na consciência. Nesse processo de difícil superação e restauração, aprendi ser indispensável o bálsamo curativo do amor dos familiares e amigos, a bandagem de profissionais experientes que nos entendam e ajudem, e, mais importante, o tônico da fé e da solidariedade.
Como em um tratamento médico, a falta de um desses itens condena a cicatrização das lesões ao fracasso. Por outro lado, atendendo aos três, é possível reencontrar o sentido da vida e responder a pergunta: “o que realmente a vida espera de mim?” Essa é a missão que deve mover nossos dias, pois, senhores do próprio destino, somos livres para agir e entender que, ali adiante, no futuro, haverá algo a nos esperar, novos sonhos e conquistas. Em outras palavras, “quem tem por que viver aguenta quase qualquer como”, como diria o filósofo Nietzsche.
Quando nós, movidos pela fé, agimos em nome do amor, generosa e solidariamente frente à realidade da dor do outro, quando ajudamos a carregar a cruz de quem mais sofre, a cruz mais pesada que a nossa, alargamos nossos próprios horizontes, fortalecendo a autoestima, enxergando as potencialidades que possuímos, e cicatrizamos as feridas crônicas em nossa própria alma.
Estes momentos em que nossos limites são testados correspondem justamente aos que mais nos fortalecem na certeza de que a grandeza do homem é proporcional à consistência de seus valores e caráter. E é essa coerência que nos aclara a mente e acalma o coração nos momentos de conflito, oferecendo alívio e remédio quando sangra o nosso coração.

Dr. Fábio Augusto

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