terça-feira, 22 de março de 2016

O Mês de Adar


Mazal: Dagim (Peixes)



Peixes são criaturas do "mundo oculto" (o mar). Assim também são as almas de Israel, "peixes" que nadam nas águas da Torá. A verdadeira identidade e sorte de Israel é invisível neste mundo. A revelação de Purim, a revelação da verdadeira identidade de Israel, reflete a revelação do Mundo Vindouro (o milagre de Purim é entendido para refletir neste mundo o supremo milagre: a ressurreição no Mundo Vindouro).

A palavra "dag" (singular de "dagim") é interpretada para representar o "tikun" (retificação) de da'ag – "preocupar-se". Na Torá, a palavra para peixe – dag – na verdade aparece escrita uma vez como da'ag: na época de Nechemiá, alguns judeus não observantes profanaram a santidade do Shabat vendendo peixe no mercado de Jerusalém. Seu "peixe" tinha se transformado em excessiva "preocupação" pelo ganho do próprio sustento. Na direção oposta, o peixe do júbilo de Purim, a forte (embora inicialmente oculta, como peixe) mazal de Adar, converte toda a preocupação na alma do homem na suprema alegria da redenção com o novo nascimento do ser, da "cabeça desconhecida".


Tribo: Naftali



Na Cabalá, o nome Naftali é lido como duas palavras: nofet li, "doçura é para mim". A mitsvá em Purim, de atingir o nível da "cabeça desconhecida" ao beber vinho, etc., é expresso, nas palavras de Nossos Sábios, como: "A pessoa em Purim é obrigada a tornar-se doce, até que seja incapaz de diferenciar entre 'maldito seja Haman' e 'abençoado seja Mordechai'".

Esta é a expressão de júbilo e riso ao nível de Naftali – nofet li. Nosso Patriarca Yaacov abençoou seu filho Naftali: "Naftali é um cervo enviado [mensageiro], que dá [expressa] palavras eloqüentes." As "palavras eloqüentes" de Naftali provocam júbilo e riso aos ouvidos de todos que escutam. Ao final da Torá, Moshê abençoou Naftali: "A vontade de Naftali está satisfeita…" Na Chassidut é explicado que "vontade satisfeita" (seva ratzon) refere-se ao nível da vontade na dimensão interior de keter, onde toda experiência é puro deleite, o estado de ser no qual a pessoa não deseja nada além de si mesma.

As três letras que compõem o nome Haman possui seis permutações. Haman = 95; 6 x 95 = 570 = rasha (perverso), razão pela qual Haman é chamado "Haman, o perverso". 570 (também) Naftali, que leva alegria e risos ao jogar o jogo de seis permutações de Haman. Na Cabalá, está explicado que a "eloqüência" de Naftali reflete sua sabedoria para permutar palavras em geral (bem como examinar gematriot, tais como arur Haman ["maldito seja Haman"] = 502 = baruch Mordechai ["bendito seja Mordechai"], o "jogo mais prazeroso" (sha'ashu'a) do estudo de Torá.

Como foi explicado previamente, os meses de Tishrei e Cheshvan correspondem (segundo o Arizal) às duas tribos de Ephraim e Menashe, os dois filhos de Yossef. Yaacov abençoou seus dois netos Ephraim e Menashe para serem como peixes: "E eles serão como peixes no meio da terra." Estas duas tribos (o início do ano a partir de Tishrei) refletem-se em Adar e Naftali (o final do ano a partir de Nissan), pois Adar divide-se em dois (assim como Yossef se divide em dois) peixes (Ephraim e Menashe). O apoio numérico para isso é que quando Ephraim (331) e Menashe (395) se combinam com Naftali (570): 331 mais 395 mais 570 = 1296 = 36 ao quadrado = 6 para o quarto poder.


Sentido: Riso (Tzchoc)



O riso é a expressão da alegria desenfreada, que resulta de testemunhar a luz saindo da escuridão – "a vantagem da luz sobre as trevas" – como é o caso do milagre de Purim. O epítome do riso na Torá é o caso de Sara no nascimento de Yitschac (cujo nome deriva da palavra tzchok): "D’us fez-me rir, quem quer que me escute rirá comigo." Dar à luz aos 90 anos (e Avraham aos 100), após ser estéril e fisicamente incapaz de ter filhos, é testemunhar a Divina Luz e o milagre emergindo da total escuridão.

A palavra em hebraico para "estéril" é composta das mesmas letras (na mesma ordem) que a palavra para "trevas". Purim vem da palavra pru, "crescei e multiplicai-vos". Sobre Yitschac, a personificação do riso na Torá, diz-se que "o temor [fonte de reverência, i.e., D’us] de Yitschac." Esta expressão também pode ser lida como "o temor rirá" – a essência do medo se metamorfoseará na essência do riso. Quanto a Purim, o temor de (o decreto de) Haman se transforma no riso exuberante da Festa de Purim.


Controlador: O Baço



Nossos Sábios declaram explicitamente que "o baço ri". À primeira vista, isso parece paradoxal, pois o baço é considerado o local do "humor negro", a fonte de todos os estados de depressão e desespero. Assim como descrevemos acima, todos os fenômenos de Adar e Purim são essencialmente paradoxais, pois todos eles derivam da "cabeça desconhecida", e todos eles representam estados de transformação existencial e metamorfose. A "metodologia" na Torá que "modela" estes fenômenos é a sabedoria da permutação, como foi descrito acima. No que diz respeito ao "humor negro" – "mará shechorá" – suas próprias letras permutam-se para grafar "hirhur sameach" – "um pensamento feliz!"


Rabino Yitzchak Ginsburgh

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