Guechazi servia Elishá, porém cometeu alguns erros, segundo nossos chachamim. Um deles era o de se sentar à porta do bêt hamidrash, enquanto Elishá estava dando shiur. Assim, as pessoas viam que ele não entrava para ouvir seu rav, concluindo que o shiur deveria ser desinteressante. Nossos chachamim dizem que Guechazi incentivou passivamente, somente com o fato de não entrar, os alunos a não frequentarem as aulas de Elishá, o que é classificado como um ato muito grave.
Outro ponto desfavorável relacionado a Guechazi é analisado pelo Rav Yichyá Teboul Shelita, em seu livro “Marot Yesharim”.
Naaman, rei de Aram, foi aconselhado por uma moça judia, que havia sido raptada por seu exército, a procurar Elishá, para se curar da tsaráat. Naaman foi procurá-lo, porém nem chegou a entrar na casa de Elishá. Um emissário veio à porta e ordenou em nome do navi para ele mergulhar sete vezes no Rio Jordão. O rei se ofendeu, pois não foi recebido pessoalmente pelo profeta. O navi apenas enviara um recado de como ele deveria proceder.
Naaman queria voltar para Aram sem seguir as recomendações de Elishá, porém as pessoas que o acompanhavam dissuadiram-no dessa ideia e o aconselharam a mergulhar no Rio Jordão. Naaman acatou a sugestão e ficou curado.
Depois de curado, Naaman conseguiu, finalmente, se encontrar com Elishá. O rei queria pagar pelo bem que obtivera, mas o profeta recusou o pagamento. Entretanto, Guechazi correu atrás de Naaman, dizendo que Elishá estava querendo seus honorários.
Ao voltar e ser questionado sobre onde estava, Guechazi teve de confessar seu erro. O navi ficou muito triste com a atitude de seu servo e disse que a tsaráat de Naaman passaria para Guechazi e seus filhos. E assim foi.
E por que Elishá não quis aceitar o pagamento de Naaman?
Quando vamos ao médico, temos de pagar a consulta. Isso porque a cura do profissional de saúde ocorre dentro dos conceitos da natureza, com a licença de Hashem109. Elishá pensou que, se recebesse honorários de Naaman, sua cura seria atribuída aos poderes da natureza, e não reconheceria que se tratava de um milagre de Hacadosh Baruch Hu. Ao pedir remuneração, Guechazi diminuiu, aos olhos do rei, a importância de sua cura, feita de maneira milagrosa por Hashem.
Mas, o Talmud diz que há uma cobrança por Elishá ter afastado Guechazi “com as duas mãos”.
A regra é que se deve “afastar” com a mão esquerda, que é mais fraca, e aproximar a pessoa com a mão direita, mais forte. E Guechazi foi afastado com as duas mãos por Elishá, o que não é correto.
Mas é incontestável que Guechazi desprezou seu rav. Prova é que, ao ser cobrado pelos “honorários” de Elishá, o rei estranhou e pediu para Guechazi jurar. Portanto, inicialmente, Naaman não acreditou nas palavras dele sobre seu rav exigir o pagamento.
Certamente que Elishá não deveria afastar Guechazi “com as duas mãos”, contudo seu servo não se conduziu de maneira correta.
Rabino Isaac Dichi
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