domingo, 12 de junho de 2016

Tipos de alma


O homem tem dois tipos de alma: a "alma animal" (Nefesh HaBehamit), faísca de D'us contida no sangue, a dizer, nos processos da vida químico-fisiológica, é responsável pelos sentimentos e pela inteligência natural do ser humano. Está escrito na Torá: "A força vital da carne está no sangue" (Levítico, 17:11). Como esta "alma animal", para atender suas necessidades materiais, afasta o homem do plano espiritual, é chamada no Talmud, de "má inclinação" (Yetzer HaRá).

Este tipo de alma não existe somente no homem, mas em todas as criaturas vivas. Transmitida através do material genético no momento da concepção, expande-se constantemente à medida que a criatura amadurece. Conseqüentemente, a inteligência das diversas espécies animais varia muito de uma espécie a outra. O intelecto do ser humano é muito diferente do intelecto dos animais, e sua "alma animal" é responsável por atributos e faculdades distintos como: imaginação, memória, inteligência e vontade.

Além desse "eu" material, o homem possui também uma alma que é única entre todas as criações Divinas. Ao descrever a criação de Adão, diz a Torá: "D'us formou o homem da poeira da terra, e depois soprou em suas narinas a alma da vida - Nishmat Chaim". O homem, então, tornou-se uma criatura viva - Nefesh Chayá (Gênese, 2:7). A Torá está-nos indicando que a alma humana veio diretamente da Essência mais íntima de D'us. O restante da Criação, por sua vez, foi criado por D'us através da Palavra Divina, que é de um nível inferior, pois assim como as ondas sonoras são geradas por uma pessoa mas não constituem a própria pessoa, da mesma forma o restante da Criação emana do Poder de D'us, mas não de Sua Essência.

Este segundo tipo, a "alma divina", é uma entidade espiritual muito diferente e mais elevada que a alma "animal". É a "divina" que dirige a "animal" - nosso lado material - e é através dela que a alma, como um todo, cumpre suas funções e sua missão na terra. Em cada momento da vida do homem neste mundo físico, interagem o lado espiritual e material, um influenciando o outro. O contato e a atração mútua entre o corpo e a alma criam uma contingência, uma situação única, gerando a pessoa humana, que não é nem só corpo nem só alma, mas uma fusão dos dois.

A "alma divina" é freqüentemente denominada "entidade singular" por ser única em sua missão. Pois, apesar de todos os laços que unem cada alma individual à sua Fonte Superior, cada uma dessas é única e especial em sua essência, em sua capacidade e naquilo que delas se exige. Não há duas almas que coincidam quanto aos atos, funções e caminhos que percorrem.

Os cinco níveis da alma

A alma não é algo concreto; está além daquilo que o intelecto consegue compreender por si próprio. A Cabalá explica que o que comumente chamamos da "alma" de um homem consiste, de fato, de várias "almas". Não é um ponto único no espaço e deve ser entendida não como uma única "existência" que tem uma qualidade ou caráter, mas como muitas "existências", de vários níveis espirituais. Podemos dizer que, na realidade, em cada homem há um determinado número de níveis de almas, unidas como os elos de uma corrente que se estende do corpo da pessoa até a Fonte de todas as almas. A ligação entre corpo e alma pode ser comparada com o que acontece na extremidade de um raio de luz, ao iluminar um corpo escuro.

O "eu" que surge da relação entre o corpo e a alma não é algo constante de uma essência especifica, é diferente em cada estágio da vida de um homem. Por exemplo, no início de nossa existência, o "eu" concentra-se quase que totalmente no corpo e em suas necessidades. Com o amadurecimento, a pessoa se torna cada vez mais consciente da essência mais elevada de sua alma.

Segundo a Cabalá, o que chamamos de alma humana é composto por cinco partes:

1) Nefesh -"alma animal", é a alma humana em seu nível mais primário. Anima a existência dando-lhe força de vida, de movimento e propagação das espécies, também capacitando o homem a pensar, divagar e sonhar. A palavra deriva da raiz Nafash, que significa repouso, como no verso, "No sétimo dia, (D'us) cessou o trabalho e descansou (Nafash)" (Êxodo, 31:17).

2) Ruach - que significa vento, é o Espírito, a "alma divina".

3) Neshamá, literalmente "sopro", é a Respiração, a "alma superior", mais pura ainda.

4) Chayá, a Essência vivente.

5)Yechidá, a Essência única, pode ser considerada o ponto de contato entre a alma e a própria essência do Divino. Esta alma só se manifesta ao término do Yom Kipur, durante a Neilá.

Essas almas mais elevadas referem-se à verdadeira essência humana e sua associação com D'us, Raiz Suprema, e com os mundos espirituais. Este conceito inclui também a alma adicional, que chega no início do Shabat e se vai, ao seu término.

Nossos sábios ensinam que o ato de D'us, ao insuflar a alma em um corpo, pode ser comparado ao do artesão que sopra o vidro para dar forma a um recipiente. A alma, Neshamá, deixa os lábios d'Ele, viaja como o vento, Ruach, até finalmente descansar, Nefesh.

Dos três níveis, a Neshamá é o mais elevado e, portanto, mais próximo a D'us. Enquanto Nefesh é aquele aspecto da alma que reside no corpo, Ruach fica entre os dois, vinculando o homem à sua Fonte Espiritual. É por essa razão que a Inspiração Divina é chamada Ruach Hakodesh, em hebraico. A Neshamá é movida apenas pelo pensamento; Ruach pela fala e Nefesh pela ação.

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