segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A Recompensa do Shabat




Os judeus em Karlsruhe, Alemanha, receberam o direito de viver de forma igualitária e numa paz relativa desde o final do século 17. A comunidade judaica então prosperou nessa cidade localizada na beira do Rio Reno, próxima da França.

Shmuel Straus, um banqueiro vivia feliz, livre para gastar seu tempo extra educando seus filhos, fazendo boas ações e estudando a Torá na sua vasta biblioteca de livros judaicos. Shmuel ganhava justamente o suficiente para sustentar sua família sem nenhuma preocupação. Ele era conhecido por ser uma pessoa temente a D’us e que fazia todos os seus negócios com total honestidade.

O primeiro negócio de Shmuel foi dirigir um pequeno banco, confiado a ele por seu sogro logo após seu casamento. Com uma licença do governo, Shmuel trabalhava principalmente no câmbio e no investimento de dinheiro para os clientes. Ele tinha um casacão especial com dois bolsos grandes. Num deles colocava as notas recebidas e no outro o dinheiro para o câmbio.

Numa sexta-feira pela manhã, antes de ir a um brit-milá do filho de um amigo seu, ele colocou seu casaco especial que usava no Shabat, festas e ocasiões especiais, e transferiu os maços de dinheiro que geralmente deixava no seu outro casacão. Depois da festa, ele continuou o seu caminho para o trabalho como sempre, trocando dinheiro e aceitando depósitos.

Ao meio dia, ele parou de trabalhar para ajudar sua esposa nos preparativos de Shabat Após o acendimento das velas, ele colocou seu casacão de Shabat, se despediu de sua esposa e filhos pequenos e então foi à sinagoga para as orações de Shabat.

Shmuel apreciava muito este dia onde passava a maior parte do tempo rezando, estudando e dedicando momentos preciosos ao lado de sua família. Na refeição de Shabat geralmente eles tinham muitos convidados. Naquele Shabat não foi diferente. Quando ele estava retornando para casa, resolveu sentar-se num banco, em uma rua tranquila por onde sempre passava. Começou a meditar nas palavras de Torá que poderia pronunciar na mesa de Shabat. Seus convidados logo chegariam com suas famílias.

De repente ele percebeu que seus bolsos estavam repletos com maços de dinheiro do seu dia de negócios. Educado com a tradição de “não carregar no Shabat” – transferir qualquer coisa de um domínio privado (sua casa) para o domínio público (ruas da cidade), ou vice versa, Shmuel ficou petrificado, suando frio ao pensar em ter que carregar aquele dinheiro. Sentado naquela rua deserta, de repente ele pensou na felicidade que teria ao fazer a coisa certa, então rapidamente desabotoou seu casacão, deixando cair suas carteiras no chão.

Uma nuvem de alívio passou por ele. Embora soubesse que teria que pagar muitas dívidas,e que seu futuro seria nebuloso. Mas sua confiança em D’us lhe deu forças para tomar a decisão.

Aquele Shabat foi extremamente alegre para ele que sentia ter passado em um grande teste que D’us havia colocado em seu no caminho. Sentia-se bem por ter superado triunfantemente. Sua alegria extraordinária foi um mistério para sua família e os muitos convidados que estavam na mesa a sua frente.

No dia seguinte, após o anoitecer, Shmuel recitou a oração especial sobre o vinho na conclusão do Shabat (Havdalá). Sua esposa segurou a vela especial e a família passou de mão em mão a fragrância especial, bessamim (geralmente cravo ou outras especiarias de cherio), usada nesta ocasião. Depois de falar a benção posterior ao vinho, Shmuel contou para sua família o que havia acontecido na sexta-feira à noite, revelando então o motivo de sua felicidade extraordinária. Ele também lhes contou que poderia ser o começo de tempos difíceis. Sua esposa aceitou a vontade Divina e assegurou sua família que tudo seria para o bem.

Naquela mesma noite, Shmuel decidiu checar o caminho que havia percorrido na volta da sinagoga na sexta-feira, esperando encontrar as carteiras que tinha deixado… talvez... E ele achou! E quando Shmuel abriu a porta de casa, sua família respirou aliviada, pois as carteiras estavam intactas com todo o dinheiro dentro delas.

Alguns dias depois, o ministro das finanças da região de Baden ouviu sobre a confiabilidade do Banco Straus e confiou a Shmuel uma soma enorme de dinheiro.

Rabino Zukin

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